Preocupações de mães e pais, na gravidez, parto e pós-parto
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Abstract
Este artigo apresenta uma investigação desenvolvida com o
objectivo de estudar as preocupações dos pais com determinados
acontecimentos adversos de vida, no período de transição para a
parentalidade, em particular, a ocorrência de diferenças de género na
presença, intensidade e variação das preocupações parentais ao longo do
período em estudo.
Para esse efeito o Questionário de Preocupações com Acontecimentos de Vida (QPAV)
foi administrado a uma amostra de mulheres e homens (N=250) nos 1.º,
2.º e 3.º trimestres de gravidez, 15 dias e 3 meses após o parto.
Os
resultados mostram que tanto as mães como os pais apresentam um mesmo
perfil de preocupações e que as áreas económico-financeira (rendimento
familiar) e da actual gravidez dominam as preocupações parentais. Quer
nas mulheres quer nos homens, as preocupações exibem igual estabilidade
ao longo do tempo, à excepção das relativas a situações adversas no
contexto familiar e interpessoal e à actual gravidez que sofrem um
decréscimo ao longo da gravidez e puerpério. As diferentes preocupações
que mães e pais exibem durante o período de transição para a
parentalidade podem assumir um impacto diferencial no aumento da
sintomatologia ansiosa característica deste período. Assim, enquanto que
a manutenção das preocupações económico-sociais, ao longo do tempo,
poderá estar a contribuir para uma forma de stress crónico, as
preocupações relativas a aspectos familiares e interpessoais e à actual
gravidez, em particular respeitantes à saúde e bem-estar do bebé, são
mais pontuais, parecendo estar mais relacionadas com as tarefas
desenvolvimentais que marcam esta fase. Por isso mesmo, tendem a
diminuir à medida que as mães e os pais se vão adaptando ao novo papel
parental. Acreditamos que intervenção dos técnicos e investigadores na
área da saúde reprodutiva, com vista à promoção do ajustamento dos pais
nesta fase exigente das suas vidas, sairá favorecida com a compreensão
das vicissitudes que caracterizam a vivência psicológica da transição
para a parentalidade. Tal intervenção deverá envolver todos os elementos
do processo em causa e focalizar-se nas maiores áreas de preocupação
parental. Deste modo, garantir-se-á uma prestação de cuidados adequados
aos pais e a diminuição da morbilidade associada a este período de vida.